Um texto chato, escrito durante uma aula tediosa. Baseado em
fatos reais. Não gosto dele. Não o levem a sério. Talvez o exclua depois.
Alegria (não).
O sono me domina.
E ponho-me a examinar as pessoas.
Uma colega ao lado, empenhadíssima em tirar o brilho do
nariz, passar blush e escovar suas longas madeixas loiras e lisíssimas.
Um dorme, apoiando a cabeça
com a mão, como se estivesse psicografando.
Uma morde o estojo e olha fixamente para o chão.
Um CDF, digo, garoto-dedicado-porém-pouco-humilde encara o quadro sem piscar.
Uma grita histericamente que NÃO ESTÁ ENTENDENDO NADA.
O professor solta um suspiro longo e alto.
E ele. Meu pequeno
poeta. Alisando e trançando o cabelo de uma sirigaita coleguinha sentada
à sua frente.
Olhe só. Ela veste o casaco dele.
Não estou com ciúmes.
Não estou com ciúmes.
Não estou com ciúmes.
Coça o pescoço de forma displicente e sorri de algo que a coleguinha
do lado urrou falou.
Me olha para ver se também estou rindo.
Não, não estou.
Mas me derreto com esse sorriso.
Está frio.
Ainda sinto sono.
Danem-se as matrizes.
Vou ler Cem Anos de Solidão que eu ganho mais.