segunda-feira, 28 de maio de 2012

Gosto de enganar os outros, fingindo que não preciso de ninguém. A verdade é que me sinto só. Terrivelmente só. Rôo as unhas até ferir a carne, encho a cara em espeluncas sempre sabendo que não há pra quem voltar. Vago pelas ruas imundas, mendigando carinho. Essa maldita solidão que queima e finjo que não, tentando manter uma postura de mulher digna, mesmo com ares melancólicos. Escuto Van Morrison durante a madrugada insone enquanto fumo um Marlboro e tomo uns comprimidos. Essa tristeza que não vai embora, assim como a insegurança. Só preciso aceitar o fracasso e parar de me culpar. Nem todo mundo tem sorte, nem todo mundo acerta.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

18 anos e cada vez pior

Tudo o que eu quero é ficar trancada no meu quarto vendo uns filmes do Dario Argento. Mas as pessoas não param de me ligar, para vomitar aquela mesma ladainha de sempre.
Ficam enchendo para que eu me enfie num vestido e vá numa boate com elas. Mas eu não gosto de boates. A escória jovem se concentra lá, sexta à noite. Tudo o que eu menos quero agora é um playboyzinho escroto e malhadinho pagando de bêbado, tentando me passar uma conversinha ridícula enquanto tenta alisar minha bunda.

Cada dia mais minha aversão pelas pessoas parece aumentar. Não sei se sou arrogante demais ou as pessoas com que convivo são realmente retardadas. Talvez o problema seja eu. Às vezes eu só queria ser como as outras. Queria ter uma vidinha de merda, em que a maior preocupação é alisar o cabelo e ver as notificações do Facebook.

Eu sou toda torta. Por mais que esteja rodeada de pessoas, ainda me sinto sozinha. Aliás, parece que quanto mais gente, pior. Me sinto estranha e a única vontade que tenho é de sair correndo. De me esconder no meu quarto, debaixo das cobertas, com um livro do García Márquez. Mas não escolhi ser assim.

Fico me perguntando qual é o meu problema. Acho que sou mesmo uma filha da puta imatura, resmungona e antipática. Talvez não seja culpa das músicas que ouço, dos livros que leio. Das pessoas que ficaram no passado. Das merdas que me aconteceram. Talvez eu já tenha nascido assim e pronto. Que merda.